Ode a Guillaume Apollinaire


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Ode a Guillaume Apollinaire
Ode a Guillaume Apollinaire


No meio dos anjos desembarcados em
Marselha,
nas margens do Sena, ao ouvido de Marie,
os olhos ardidos de ternura,
leio os teus versos, sem piedade de ti.

Leio os teus versos neste Outono breve
onde passeiam lentos com a água
Lou e Ottomar;
a esperança é ainda violenta,
mas estamos cansados de esperar.

Leio os teus versos no cemitério
onde as crianças indiferentes
brincam à roda da tua sepultura;
e choro, ao lado de Madeleine,
órfão de ti, órfão de aventura.

E tu passas, meu artilheiro,
apaixonadamente como um rio
ou touro de amor até aos cornos:
Orfeu cheirando a pólvora e a cio.

Passas, e seguem-te saltimbancos,
galdérias, vadios, ciganos e anões;
Annie – ou Jeanne – surge da bruma,
e de longe atira-te uma rosa,
talvez de lume, talvez de espuma.

Passas, e entras no paraíso
no meio de adolescentes tresmalhados;
Martin, Gertrude, Hans e Henri,
com ervas ainda nos cabelos
cantam coplas de putas e soldados.

Oh Madeleine, não tenhas piedade:
os mortos somos nós, aqui sentados,
com a noite nos ombros e embalando
a angústia nos braços decepados.
In mezzo agli angeli sbarcati a
Marsiglia,
sulle rive della Senna, all’orecchio di Marie,
con occhi audaci di tenerezza,
leggo i tuoi versi, senza pietà per te.

Leggo i tuoi versi in questo autunno breve
in cui passeggiano lenti con l’acqua
Lou e Ottomar;
la speranza è ancora violenta,
ma noi siamo stanchi d’aspettare.

Leggo i tuoi versi nel cimitero
ove dei fanciulli indifferenti
giocano intorno alla tua sepoltura;
e piango, al fianco di Madeleine,
orfano di te, orfano dell’avventura.

E tu passi, mio artigliere,
travolgente come un fiume
o toro sfrenatamente in estro:
Orfeu olente d’esplosivo e di calore.

Passi, e ti seguono saltimbanchi,
lavativi, vagabondi, zingari e nani;
Annie – o Jeanne – sorge dalla bruma,
e da lungi ti lancia una rosa,
forse di fuoco, forse di spuma.

Passi, ed entri in paradiso
in mezzo ad adolescenti sbandati;
Martin, Gertrude, Hans e Henri,
con fili d’erba ancora tra i capelli
cantando rime di puttane e soldati.

Oh Madeleine, non aver pietà:
i morti siamo noi, che stiam seduti,
con la notte sulle spalle e cullando
l’angoscia con braccia mutilate.

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Giorgio de Chirico
Ritratto di Apollinaire (1914)
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