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Outra fala
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Un’altra dichiarazione
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“O amor? Não me fale de luxos,
Por favor. Não tenho tempo
Para pássaros e estrelas.
Não tenho quem me ajude sequer
A abrir um saco plástico,
Quanto mais para me encher o coração.
Se escorregar na banheira,
É possível que ela se torne a minha sepultura
E que só um arqueólogo me encontre,
Ou algum vizinho mais extremoso
Incomodado com o fedor.
E quem me suportaria?
Ou como admitiria eu em mim
Alguém mais presente do que eu?
Não, já dobrei essas ilusões.
Não me quero partilhar com mais ninguém –
Até porque não há nada a partilhar.
Acredite em mim, eu sei.
Tenho a idade da noite.”
Por favor. Não tenho tempo
Para pássaros e estrelas.
Não tenho quem me ajude sequer
A abrir um saco plástico,
Quanto mais para me encher o coração.
Se escorregar na banheira,
É possível que ela se torne a minha sepultura
E que só um arqueólogo me encontre,
Ou algum vizinho mais extremoso
Incomodado com o fedor.
E quem me suportaria?
Ou como admitiria eu em mim
Alguém mais presente do que eu?
Não, já dobrei essas ilusões.
Não me quero partilhar com mais ninguém –
Até porque não há nada a partilhar.
Acredite em mim, eu sei.
Tenho a idade da noite.”
“L’amore? Non mi parlare di lussi,
Per favore. Non ho tempo
Per stelle e passerotti.
Non ho neppure chi mi aiuti
Ad aprire un sacchetto di plastica,
Figurati per riempirmi il cuore.
Se scivolassi nella vasca da bagno,
Probabilmente quella diventerebbe la mia tomba
E solo un archeologo mi ritroverebbe,
O qualche vicino più premuroso
Disturbato dal fetore.
E chi mi sopporterebbe?
O come potrei io accogliere in me
Qualcuno più presente di me?
No, sono già andato oltre queste illusioni.
Non mi voglio più dividere con nessuno –
Anche perché non c’è nulla da dividere.
Credimi: io lo so.
Ho l’età della notte.”
Per favore. Non ho tempo
Per stelle e passerotti.
Non ho neppure chi mi aiuti
Ad aprire un sacchetto di plastica,
Figurati per riempirmi il cuore.
Se scivolassi nella vasca da bagno,
Probabilmente quella diventerebbe la mia tomba
E solo un archeologo mi ritroverebbe,
O qualche vicino più premuroso
Disturbato dal fetore.
E chi mi sopporterebbe?
O come potrei io accogliere in me
Qualcuno più presente di me?
No, sono già andato oltre queste illusioni.
Non mi voglio più dividere con nessuno –
Anche perché non c’è nulla da dividere.
Credimi: io lo so.
Ho l’età della notte.”
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Edward Hopper Domenica (1926) |
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