Grand Hotel København, 326


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Grand Hotel København, 326
Grand Hotel København, 326


Onze horas: a tua mão adormecida marca
agora um conto de Karen Blixen
– veremos em breve essa casa cinzenta,
em Helsingør – enquanto eu ouço uma sonata
de Scarlatti tocada por Scott Ross
e sei que também isso ficarei a dever à Dinamarca.

Apontamentos culturais? Podem até chamar-lhes
assim, ignorando a áspera nudez da voz,
o grito comum que viemos suspender aqui.
Lá em baixo, por exemplo, os funcionários do
restaurante, terminado o serviço, abrem
a terceira garrafa de champanhe e fumam
ruidosamente, como se amanhã não existisse.

A questão, no fundo, é apenas esta: há momentos
em que a vida nos parece quase bela,
escolhos onde embatem as mais íntimas certezas.

Talvez adormeçamos lado a lado,
de costas para a morte, e haja corsários ao fundo,
um mar de gelo protegendo-nos da noite.
Ore undici: la tua mano intorpidita indica
adesso un racconto di Karen Blixen
– tra breve vedremo quella casa grigia,
ad Helsingør – intanto io ascolto una sonata
di Scarlatti eseguita da Scott Ross
e so che anche questo lo dovrò alla Danimarca.

Annotazioni culturali? Potete pure chiamarle
così, ignorando l'aspra nudezza della voce,
il grido comune che siamo venuti a interrompere qui.
Per esempio, là sotto, i dipendenti del
ristorante, al termine del servizio, stappano
la terza bottiglia di champagne e fumano
chiassosi, come se non esistesse un domani.

In fondo la faccenda è solo questa: ci sono attimi
in cui la vita giunge a parerci bella,
scogliere ove s’abbattono le più intime certezze.

Forse ci addormentiamo stando accanto,
dando le spalle alla morte, e ci sono corsari sul fondo,
un mare ghiacciato ci protegge dalla notte.
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Caspar David Friedrich
Il mare di ghiaccio (1823-1824)
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