uma tarde na infância


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uma tarde na infância
una sera d’infanzia


todas as tardes ele passava
como sempre fazia, pontual
o velho branco alto em demasia
e as cabras brancas balindo
vindo dos verdes campos de minha infância
da vida pastoril
seu rosto uma pintura envelhecida carcomida
os pés enormes gastos pelas estradas da vida
erodidos como a terra que trabalhavam
as mãos rudes enormes possantes forçosas
lapidadas nas pelejas do destino

todas as tardes ele passava
como sempre fazia, pontual
o passo lento pesado
como um velho navio
singrando as ondas da eternidade
o olhar velho firme exausto da matéria
carregando o mundo em suas costas
e vinha vindo e vinha vindo
e passava
o velho de bronze alto em demasia
todavia não vinha triste e nem só:
– trazia sempre seu filhinho negro
e alegre e raquítico no bolso do paletó!
tutte le sere lui passava
com’era solito fare, puntualmente
il bianco vecchio alto oltremisura
con le sue bianche capre belanti
scendendo dai verdi campi della mia infanzia
dalla sua vita pastorale
il suo viso una pittura invecchiata sciupata
i piedi enormi consunti dalle strade della vita
corrosi come la terra dove lavoravano
le mani rudi enormi possenti forzute
massacrate nelle baruffe del destino

tutte le sere lui passava
com’era solito fare, puntualmente
il passo lento pesante
come un vecchio vascello
solcando le onde dell’eternità
lo sguardo antico fermo estenuato dalla materia
nel sostenere il mondo sulle sue spalle
e avanzava e avanzava
e passava
il vecchio di bronzo alto oltremisura
tuttavia non veniva triste né solo:
– con sé portava sempre il figlioletto nero
e allegro e rachitico nella tasca del paltò!
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Pablo Picasso
La capra (1950)
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