Ponte móvel sobre o rio Leça


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Ponte móvel sobre o rio Leça
Ponte mobile sul fiume Leça


Imóvel na ponte aberta sobre este porto de mar
queria não ter que esperar que o petroleiro passasse
a vomitar outro preto nos depósitos da Cepsa.
Olho as margens da tarde em informe ebulição
o navio japonês veio dar à luz Toyota’s
alinhados sobre o cais qual parada militar
(os turistas do cruzeiros aguardam pelo autocarro
que lembrará em sueco memórias do Porto antigo).
Do cargueiro africano rolam troncos gigantescos
houve um que caiu à água e ninguém o foi salvar
(decerto não irá longe nestas águas estagnadas
nem poderá ir mais ao fundo).
Corre um vento de norte. Novembro
está dentro do Outono. Alguém reuniu o manto
de folhas cerca da ponte mas pelo final do dia
já é Outono outra vez. Mas
distraí-me do cais. Espera. Lá está a marinha.
A fragata da Defesa devolveu homens à terra
meio-dia de licença na casa da luz vermelha
(este Natal as meninas vão-lhes dar a provar sonhos
e o porteiro: rabanadas). E se
faltam desrazões para me obrigar a parar
aqui me têm parado
(só reparando se vê)
qualquer amurada é perfeita para resumir um país
qualquer ponte é ideal para se matar
os tempos.
Immobile sul ponte aperto sopra questo porto di mare,
non vorrei dover aspettare che la petroliera passasse
per vomitare altro nero nei serbatoi della Cepsa.
Guardo le sponde della sera ribollire inquiete,
la nave giapponese è giunta per dare alla luce delle Toyota
allineate sulla banchina come in parata militare
(i turisti in crociera attendono il pullman
che racconterà in svedese le memorie dell’antica Porto).
Dal cargo africano rotolano tronchi giganteschi,
uno è caduto in acqua ma nessuno è corso a salvarlo
(di sicuro non andrà lontano in queste acque stagnanti
né potrà andare più a fondo).
Spira un vento da nord. Novembre
è in pieno autunno. Qualcuno ha ammucchiato un manto
di foglie intorno al ponte ma verso la fine del giorno
è già autunno un’altra volta. Ma
sono stato distratto dalla banchina. Attesa. Là c’è la marina.
La fregata della Difesa ha rispedito gli uomini a terra
con mezza giornata di licenza nella casa dalle luci rosse
(per Natale, le ragazze faranno provare il gusto dei sogni
e il portiere: dei toast alla francese). E se
non ci sono motivi che mi obbligano a fermarmi
qui mi hanno fermato
(solo osservando si nota)
qualunque murata è perfetta per riassumere un paese,
qualunque ponte è ideale per ammazzare
il tempo.
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Jacob Henricus Maris
Ponte levatoio (1883)
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