o carro de boi


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o carro de boi
il carro di buoi


quando o carreiro passava corríamos todos
e pongávamos no carro de boi — glória sublime!
o carreiro era um negro com porte principesco
e um velho chapéu-panamá na cabeça esguia
com um relho enorme na mão, feito um cetro

Eh, seu carreiro! Eh, seu carreiro!

o carro de boi pelo dia muito lento muito ágil
rangendo sua doce melodia na paisagem pastoril
    rasgando o siléncio ao meio
e o carreiro entoava uma cantilena ancestral
ao ritmo das rodas e dos cascos dos animais
e nós gritávamos alegres contritos com a vida

Eh, seu carreiro! Eh, seu carreiro!

quando ele principiava a descer a ladeira de casa
saltávamos para fora daquele infinito agora
e com os narizes sujos pés sujos de lama
— mas com a alma e com os olhos clarividentes
o observávamos descendo a ladeira da Rua Nova
até desaparecer dentro do encantamento da tarde
quando il carrettiere passava correvamo tutti
e saltavamo sul carro dei buoi — gloria sublime!
il carrettiere era un negro dal portamento principesco
e un vecchio cappello panama sulla lunga testa
con una frusta enorme in mano, come uno scettro

Ohi, carrettiere! Ohi, carrettiere!

il carro di buoi molto lento e molto agile nel giorno
cigolava la sua dolce melodia nel paesaggio pastorale
    lacerando il silenzio a metà
e il carrettiere intonava una cantilena ancestrale
al ritmo delle ruote e degli zoccoli degli animali
e noi gridavamo gioiosi esaltati dalla vita

Ohi, carrettiere! Ohi, carrettiere!

quando egli cominciava a scendere la china di casa
saltavamo giù da quell’infinito presente
e col naso sporco e i piedi sporchi di fango
— ma con l’anima e con gli occhi chiaroveggenti
lo guardavamo scendere la china della Rua Nova
finché spariva dentro l’incantesimo della sera
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Reinhard Maria Wiesiollek
Carro di buoi (2008)
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