Homero


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Homero
Omero


à sombra da grande algarobeira
sob sua gigantesca e verde-clara cabeleira
todas as tardes ele vinha e dormia
e depois acordava e a história continuava
a vida era inventada a cada momento
ao vento que descia da montanha
ele contava ao futuro poeta histórias infinitas
de reinos tempos lugares perdidos
por onde ele havia estado havia ido
reis rainhas castelos: em seu mundo
esquecido tudo era mais belo...
onipotente onisciente e onipresente
e eu menino inebriado aprendia o idioma
das coisas impossíveis, na grande copa
sobre nós eu ouvia a melodia do vento
ele o zíngaro misterioso trazia em si a memória
do mundo: cavaleiros com lanças brasões
caravelas antigas nobres, seres fantásticos
barcaças singrando mares velhos galeões
gigantes espectros corsários bufões
um olho no real outro no real maravilhoso
à sombra da grande algarobeira
sob sua gigantesca e verde-clara cabeleira
a vida passava-se muito além das fronteiras
e um velho Homero iletrado sem destino
ensinava a sonhar aquele provinciano menino
all’ombra del carrubo imponente
sotto la sua immensa chioma verdeggiante
ogni pomeriggio egli veniva e dormiva
e poi si risvegliava e la storia continuava
la vita era inventata ad ogni istante
al vento che scendeva giù dal monte
lui raccontava al futuro poeta storie infinite
di regni d’epoche e di luoghi perduti
per dove era passato e aveva lasciato
re regine castelli: nel suo mondo
obliato tutto era più bello...
onnipotente onnisciente e onnipresente
ed io bambino inebriato imparavo l’idioma
delle cose impossibili, nel fitto fogliame
sopra di noi io udivo la melodia del vento
lui lo zingaro misterioso recava in sé la memoria
del mondo: cavalieri con lance vessilli
caravelle antiche e nobili, esseri fantastici
barconi che solcavano i mari vecchi vascelli
giganti spettri corsari giullari
un occhio alla realtà un altro alla realtà inventata
all’ombra del carrubo imponente
sotto la sua immensa chioma verdeggiante
la vita scorreva molto al di là delle frontiere
e un vecchio Omero ramingo e analfabeta
insegnava a sognare a quel bambino ignaro
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Adolphe William Bouguereau
Omero e la sua guida (1874)
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