canção do povo


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canção do povo
canzone del popolo


quero entoar um canto ao povo
como quem oferece uma prece
às almas perdidas do purgatório
como quem à noite e anônimo
rouba um amigo do manicômio

quero entoar um canto ao povo
para ser cantado nas ágoras
com a harpa e a cítara e a lira
para ser estrela nos infernos
e fresco como um oásis
para as caravanas do deserto

quero entoar um canto ao povo
para cicatrizar a ferida e a dor
fazer nascer um arco-íris sobre
a loucura o desespero a solidão
e decretar por lei, por evangelho
que a única estrada agora possível
– a única – é a estrada do amor

quero entoar um canto ao povo
que parta como uma epopeia
que escave o pretérito mais-que-perfeito
e encontre a Grécia Antiga
morta por debaixo da hera esquecida
no altar dos deuses do Olimpo
a tocha perdida para juntos eu e tu
repartirmos de novo de mão em mão
  o fogo sagrado da vida.
voglio intonare un canto al popolo
come chi offre una preghiera
alle anime perdute del purgatorio
come chi di notte e anonimo
rapisce un amico dal manicomio

voglio intonare un canto al popolo
perché sia cantato nelle piazze
con l’arpa e la cetra e la lira
perché sia stella negli inferi
e fresco come un’oasi
per le carovane del deserto

voglio intonare un canto al popolo
per cicatrizzare la ferita e il dolore
far nascere un arcobaleno sopra
la follia l’angoscia la solitudine
e decretare per legge, per vangelo
che l’unica strada ora possibile
– l’unica – è la strada dell’amore

voglio intonare un canto al popolo
che parta come un’epopea
che scavi nel trapassato remoto
e ritrovi l’Antica Grecia
morta sotto l’edera dimenticata
e sull’altare degli dei dell’Olimpo
la fiaccola perduta affinché io e te insieme
spartiamo nuovamente di mano in mano
  il sacro fuoco della vita.
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Tarsila do Amaral
Morro da Favela (1924)
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